Grupo de Cantares de Levides: Vozes erguidas

Livro com 128 páginas a cores e CD
Coordenação: Luís Costa
Número de Catálogo: Edições Nodar nodar.019
ISBN:978-989-99856-4-3

@Binaural Nodar e Associação “Os Amigos de Levides”, 2019

Existem terras que historicamente sempre foram lugares de encontro, aldeias que acolhem quem vem por bem e onde o fazer comunidade faz parte do código genético dos seus habitantes. Levides é uma destas afortunadas povoações, contando desde 2005 com a Associação Cultural, Desportiva e Recreativa “Os Amigos de Levides” (fantástico nome), a qual foi fundada depois de várias tertúlias e festas que foram sendo realizadas desde os anos 90 e nas quais foi germinando a ideia de se criar uma associação que agregasse todas as boas vontades da aldeia.

Logo no arranque das suas atividades, foi decidido que a promoção do riquíssimo património etnográfico e etnomusicológico da aldeia e da região deveria ser um dos principais focos de atenção da associação, o que se materializou na criação em 2006 do “Grupo de Cantares de Levides” o qual, desde então, tem participado em inúmeros encontros na região e no país. Finalmente, depois de treze anos de atividade e de muitas amizades geradas, o grupo vê publicada a sua primeira obra, um livro acompanhado de um CD que relata a história da aldeia de Levides, das suas tradições mais arreigadas e do seu cancioneiro tradicional irrepreensivelmente interpretado com a mais verdadeira alma caramulana.

Os cantares incluídos no CD encerram temáticas recorrentes que formam uma verdadeira cosmovisão de elementos geográficos, sociais e comunitários. Podemos mesmo afirmar que ler atentamente os versos destas canções é como entrar nos modos de viver e de pensar das comunidades rurais de há mais de 50 anos. Estes são cantares que nos falam de rios, de ribeiras, de riachos, de montanhas, de hortas, do mato de tojo ou carqueja, de árvores como as macieiras, pereiras, loureiros, videiras, de flores como as rosas; Muitos dos textos abordam as relações entre rapazes e raparigas: os encontros furtivos de namorados, as paixões não concretizadas, o medo da reação da família e da comunidade perante a assunção de um amor ou os homens enganadores vindos de fora da aldeia; Por último, as dinâmicas sociais do mundo rural estão igualmente bem presentes: as guerras, os bêbados e andrajosos da aldeia, as profissões como a de resineiro, ferreiro ou padeiro, os momentos do calendário religioso como o São João, a Senhora da Guia ou a Senhora do Livramento, as casas simples e floridas, a pobreza, a busca de uma vida melhor noutras terras longínquas, etc. etc.