SimLugares

“SimLugares” é um projecto que se interessa por território e paisagem, no sentido da relação entre pessoas num contexto (rural), e interacção entre pessoas e espaço (de que fazem uso e propriedade).

Interesso-me por questões relacionadas com identidade,representação e paisagem. Neste projecto esta preocupação volta-separa os espaços geográficos e territoriais onde a transformação da paisagem está evidenciada por uma construção/infra-estrutura, desactivada (destituída da sua função inaugural). Resistindo à leitura de não-lugares (Mare Auge), interessa-me antes uma ideia de lugar-comum associada ao reconhecimento psico-geográfico do lugar. Segundo Henri Léfebrve (pensador de cariz Marxista), a activação de um lugar faz-se pelas suas dinâmicas, e o próprio significado de um determinado espaço tem menos a ver com a sua construção em si mesma, mas com os usos que permite.

Trata-se de procurar entender um lugar no sentido das imagens,memórias, que lhes estão associadas, e através destes elementos expor o modo como as pessoas se relacionam com a paisagem que as rodeia.

Sempre que a sociedade muda,a paisagem muda. Estou interessada em investigar plasticamente a relação entre representações territoriais difusas e espaços em abandono.

Em Nodar, a representação do local fez-se com recurso a diferentes meios e em duas fases. Primeiro, um levantamento do lugar através de construção de mapas conceptuais, cognitivos; questionários à população sobre as memórias que mantém do lugar; registos áudio,video gráfico e fotográfico. Numa segunda fase, tratou-se de criar uma ficção com vários elementos recolhidos e produzidos, tendo em consideração uma metodologia do andar, que se baseia no conhecimento de um lugar andando nele, que tem um carácter mais performativo procurando promover um diálogo em potência com local adormecido e registando-o.

A apresentação do trabalho passou pela edição de diferentes documentos recolhidos e produzidos sobre o lugar.

O facto de eu me interessar pela ideia de paisagem mental não a retira da sua componente factual. A passagem desta paisagem invisível para um documento visual implica um salto do contexto quotidiano, do banal, para uma situação de excepção.

Na cidade, com a rotina, a paisagem torna-se invisível. No campo a relação quotidiana no espaço é diferente; não existe essa alienação. A rotina aqui está intimamente ligada ao espaço. A ideia de espaço público é naturalmente diferente. A lógica de propriedade privada é gerida naturalmente, por vezes por via geracional, as circunstâncias podem gerar situações de usos partilhados;existe uma maior fluidez entre os domínios público e privado. Os locais são mais ou menos públicos dependendo das pessoas.

Joana Nascimento é uma artista visual portuguesa. Licenciou-se em Artes Plásticas–Escultura pela Faculdade de Belas Artes do Porto, onde actualmente desenvolve uma investigação intitulada “Territorialização dos Espaços, [In]Visibilidades–Uma Abordagem ao Espaço e Tempo Performativo nas Práticas Artísticas para o Espaço Público”, no âmbito do segundo ano do Mestrado em Arte e Design para o Espaço Público. Em 2006/07 Obteve formação extra curricular em Cenografia e Intermedia na Akademia Sztuk Pieknych w Krakowie, Polónia.

Faz parte do colectivo multidisciplinar “Inner-city”, cujos interesses se centram em abordagens locais ao espaço público e participou em várias exposições colectivas em Portugal, Espanha e Polónia.

OBRAS ARTÍSTICAS