E-nxada
O espetáculo é uma reflexão sobre a mudança dos tempos, sobre os ritmos e manualidades que vamos perdendo, na deriva tecnológica crescente. É no fundo, um enorme elogio ao mundo rural ancestral, especialmente àquele das aldeias de Lafões, feito de ritmos cíclicos, gestos constantes e um desejo de prosperidade e de abundância decorrente do trabalho agrícola.
A obra toma uma alfaia agrícola, a enxada, como símbolo e motivo principal de todo o espetáculo, o qual termina com a interpretação ao vivo ou gravada de dois temas pelo Grupo de Cantares de Vermilhas (Município de Vouzela), o qual foi escolhido como exemplo vivo de uma expressão autêntica do canto rural em que muitos dos seus temas são diretamente relacionados com fases dos ciclos agrícolas (sementeiras, malhas, desfolhadas, etc.).
Um encontro entre duas estruturas de regiões diferentes de contextos sociais, económicos e políticos distintos. A Erva Daninha é uma companhia da cidade do Porto integrada num contexto urbano cosmopolita, enquanto que a Binaural/Nodar trata-se de uma estrutura da região de Lafões (distrito de Viseu) cujo trabalho incide sobre o experimental em contexto rural. Bebendo destas duas realidades procura-se um cruzamento entre os dois paradigmas, os dois ritmos, as duas paisagens sonoras e de movimento.
A ideia original para este projeto surgiu a partir do convite do Teatro Viriato para a realização de um espetáculo em co-criação com a Binaural/Nodar e com um grupo de alunas da Escola Secundária de São Pedro do Sul. Em apenas 3 semanas surgiu “E-nxada–do que somos e do que fomos”, um dos 3 espetáculos para o projeto Circus Lab integrado na Pegada Cultural–arte e educação (EE Grantes / DGArtes). Deste trabalho com a comunidade surge a vontade de dar continuidade ao projeto e criar em várias fases ao longo de mais de um ano este projeto “E-nxada”. Trabalhando para o objetivo final a estreia de um espetáculo de palco de circo contemporâneo baseado em instalação plástica e sonora à volta de um elemento nuclear com uma força expressiva imensa: a enxada. Assim, durante 2016 apresentámos várias fases da criação no espaço público em diferentes cidades, em abril apresentamos o resultado final da investigação feita.
A Companhia Erva Daninha tem como missão a criação de circo contemporâneo explorando o diálogo entre diferentes expressões das artes performativas. Centra-se na investigação de novas formas de fazer e apresentar circo, procurando elevar o virtuosismo a uma forma de comunicação de ideias e emoções. Nasceu oficialmente em janeiro de 2006 pela mão de ex-alunos da ESMAE integrando o movimento original da Fábrica da Rua da Alegria. A criação artística é o foco da Companhia contando já com mais de 15 espetáculos para palco, espaço alternativo e espaço público. A Erva Daninha tem-se dedicado também à formação e programação. Organiza Corrente Alterna em 2013 em coprodução com TNSJ, o Trengo Festival de Circo do Porto em 2016 e 2017 em coprodução com Porto Lazer, Câmara Municipal do Porto. Atualmente é estrutura residente do Teatro Municipal do Porto através do seu projeto de residências Teatro em Campo Aberto.
Binaural Nodar é um projeto cultural contemporâneo fundado em 2004 atuando na região de Viseu Dão Lafões, nas áreas da criação sonora/multimédia, documentação patrimonial audiovisual, educação sonora, criação para rádio, publicações e programação cultural. A Binaural Nodar é membro ativo da Rede Tramontana de arquivos de memória de zonas rurais europeias, Rede SOCCOS de residências artísticas em arte sonora, Rede SUSPLACE de pesquisa multidisciplinar. A associação é ainda parte da recém-criada Rede Cultural Viseu Dão Lafões conjuntamente com o Teatro Viriato, ACERT, Cine-Clube de Viseu, Teatro do Montemuro e Companhia Paulo Ribeiro. A Binaural Nodar recebeu entre outras as seguintes distinções: Prémio Miguel Portas de 2014; Projeto inovador escolhido pela Presidência da República no âmbito das comemorações do Dia de Portugal de 2014; Atribuição do selo CECEL de mérito cultural europeu do Conselho da Europa ao festival Paivascapes #1 realizado em 2010 e 2011.
OBRAS ARTÍSTICAS