Contemplações

O trabalho sonoro “Contemplações” reflete sobre o corpo humano.

Para implementar o trabalho, deverão ser encontradas pelo menos cinco pessoas da região do Maciço da Gralheira que irão ler uma lista de partes individuais do corpo, o que será gravado usando um gravador de áudio. Estas gravações irão servir como uma base para a composição que, como descrito acima, se move pacificamente do som da linguagem-à imobilidade – ao som da linguagem. As gravações de áudio deverão ser feitas num local com significado religioso para as pessoas (por exemplo, na igreja de uma aldeia).

O referencial teórico de “Contemplações” deriva do conceito de “Rosto” do filósofo de religião, o judeu Emmanuel Levinas. Em “O rosto de Outrem” – Levinas expande o conceito de rosto a todas as partes do corpo – o divino torna-se então imediatamente presente.

No seu ensaio “A Vida Precária”, a filósofa Judith Butler refere-se à categoria de “Rosto” de Levinas e descreve o “Rosto” como algo pré-linguístico, como um “tipo de som”.

O trabalho sonoro “Contemplações” espera que este som emerja e assume que algo é capaz de aparecer na cor tonal de como as pessoas do maciço da Gralheira falam, da sua entonação, de como começam e interrompem a fala, algo de cada som, de cada “rosto”, de cada ser eterno.

O “som” que aparece é específico e ligado às pessoas da região do maciço da Gralheira. Nesse sentido, não é concreto e gira em torno de algo geral.

Nos início dos anos 90 começou a sua atividade artística, tendo trabalhado com artistas e ensambles como Alfred 23 Harth, Rüdiger Carl, Lasse-Marc Riek e Otomo Yoshihide. O seu trabalho move-se no interface entre o som e a arte média, tendo como parte essencial o fenómeno da “duração”. Nos últimos anos tem posto isto em prática usando estratégias de remoção e aparamento. Já exibiu trabalhos em festivais internacionais e espaços expositivos como Wien Modern (Viena), Art Electronica (Linz), Museu de Serralves (Porto) e Transmediale (Berlim).

OBRAS ARTÍSTICAS