An Encircled Reflection:
Resounding Nodar

Em “An Encircled Reflection: Resounding Nodar” (“Uma Reflexão em Círculos: Fazendo Ressoar Nodar”), os media, os materiais empregues nesta instalação foram o some o espaço físico. Fiz uso da audição e de um gravador para recolher e transformar sons diversos em qualquer coisa distinta ao devolvê-los a um percurso ambiental. “An EncircledReflection’ é uma instalação que traça um mapa territorial, com uma estrutura solta, deixada à interpretação, e a criação sonora do autor incorporando o mesmo nível de visibilidade que a paisagem sonora. A obra apresenta peças musicais com base em sons naturais e electrónicos, moldados num conjunto de discretas peças espalhadas por um caminho à volta de Nodar.

A minha primeira aproximação a Nodar, consistiu em efectuar gravações de “primeiras impressões”. Gravei durante três dias sonoridades comuns: os pássaros, as abelhas, as cigarras, e devolvi-as à natureza. Não tinha um plano exacto para o que viria a fazer nesse percurso ambiental a realizar na aldeia. Tal foi algo que surgiu após os três dias de gravação e de exploração em Nodar.

Em Nodar o som é muitíssimo vívido e alto, envolvendo-nos do minuto em que acordamos até ao momento em que nos vamos deitar. Não é um ruído industrial nem sequer provocado pelo homem, é a natureza pura, o rio e a forma como este está situado no vale.

Inicialmente pretendia efectuar uma composição simples na paisagem. Ao ver a paisagem de uma perspectiva aérea antes da minha chegada e, por outro lado, tentando perceber como essa paisagem seria, pensando também em como poderia fazer com que cada pessoa pudesse incorporar algum tipo de som na paisagem. Comecei por captar diferentes camadas de paisagem e pensei: porque não fazer com que os altifalantes sejam os próprios executantes? Pensei em reintroduzir o som de volta à sua área: os pássaros a ouvir pássaros, a minha composição reintroduzida no espaço e a minha resposta a isso.

Esta “música” tocada a través de altifalantes escondidos na paisagem fez esbater a atenção entre o que foi criado e colocado pelo artista e a paisagem sonora existente. Não pretendi expressar ideias sob forma musical, mas sim interagir com aquilo que pré-existia no local.

Ao explorar uma fusão dos sentidos, estava a sugerir que o público parasse por um momento para escutar os sons, pensasse de onde os mesmos provinham e qual o seu lugar no meio ambiente.

As colunas que construí não tinham qualquer qualidade estética, pelo que o essencial era ouvir a paisagem e tentar transmitir isso ao público. Ao colocar os sons na paisagem, com as pessoas a atravessá-los, pretendi que elas experiencias sem o lugar pela escuta, questionando que sons estariam a ouvir. Nesta peça imaginei que o público fosse levado a procurar pelos sons, tentando descobrir de onde provinham, esquecendo-se durante o processo por que motivo procuravam e continuando tão somente a caminhar.

Num determinado ponto do percurso dei a escutar uma improvisação que tinha efectuado antes numa casa abandonada, a qual consistiu na minha interacção com esse espaço, o que foi algo irrepetível que só poderia acontecer naquele lugar. É muito específico encontrar esta casa de tijolo e cimento com os materiais nela existentes e tocar com eles, tentando encontrar diferentes qualidades acústicas e ressonâncias. Quando vou para além do simples gesto de pousar o microfone, estou inteiramente consciente que estou no campo da interacção humana com o ambiente, mas é apenas a partir do momento em que começo a tomar decisões que podemos falar de improvisação. É aí que traço a linha de separação entre gravação de campo (“field recording”) e improvisação.

Outra das minhas intenções foi criar uma partitura mini mal baseada em durações. Estava interessado em arranjar uma forma de me distanciar do processo de tomada de decisões, sobre quando e o que tocar, para apenas decidir quanto tempo tocar. E para cada duração temporal criada eu coloquei um único tom sinuso idalou uma frequência que permitisse delinear o perfil do espaço, fazendo assim ressaltar as suas qualidades inerentes.

Por outro lado, do outro lado da colina onde se situa Nodar, compus uma pequena peça com harmónio, a qual representou fundamentalmente uma ideia, uma intenção, que tem a ver com aquilo que sentiem relação a esse lado da aldeia.

Ben Owen é um artista sonoro oriundo dos EUA. Formou-se em História da Arte e BFA Studio Art (escultura e serigrafia) pela Virginia Commonwealth University. É um investigador, explorador e ilustrador das propriedades físicas do mundo em que vivemos. O seu trabalho com diversos media, como o som, o vídeo e a litografia, é motivado pelo desejo de compreender profundamente a vida interior dos materiais com que trabalha, mais do que um impulso de sentir o seu carácter e vida interior. Neste momento, o seu trabalho inclui performances baseadas em partituras visuais, colaborações áudio e vídeo. Tem realizado diversas performances em museus, festivais e galerias de Nova Iorque, Brooklyn, Califórnia, Tóquio e Berlim.

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