Mind the River e Writting Water
“Estou interessada em como a paisagem está conectada com a paisagem mental. Desde criança sinto que os rios são como a circulação sanguínea da Terra. Através deste sangue tudo é unido e cada pensamento levado ao redor do mundo, a memória mudada e preservada ao mesmo tempo. O nome do meu trabalho „Mind the River“ – significa tanto „tenha em mente o rio“ quanto „mente como o rio“. O projeto consistiu em vários eventos seguindo o tema principal – nossa mente é um rio de memórias.
* “Silêncios coletados” (vídeo, som, foto)
Fiquei em silêncio em diferentes locais tanto na Estónia como em Portugal com diferentes pessoas, animais e objetos. Como o silêncio difere de cultura para cultura, de lugar para lugar? Na instalação final nasceu um rio de silêncios coletivos.
* “Meus segredos mais embaraçosos” (vídeo)
Partilhei os meus segredos mais profundos que não quero partilhar com ninguém com o rio Paiva escrevendo-os na água. As letras se dissolveram na água e ficaram transparentes mostrando a transparência de nossos medos e sonhos.
* “A viagem da minha avó a Portugal que nunca aconteceu” (performance, instalação)
O sonho da minha avó era viajar para o sul da Europa. Mas durante a ocupação soviética não foi possível para ela e quando se tornou possível, ela morreu. Tirei a última foto da minha avó viva e carreguei durante minha residência para todos os lugares que fui. Eu documentei por fotografia.
*”Naquele dia que eu me lembro” (som)
A peça consiste em diferentes dias em Portugal que cada um de mim recorda e aprecia. Todos juntos formam um rio de memórias. As vozes das antigas canções runo estonianas encontram-se com as tradicionais canções portuguesas cantadas pelas mulheres da aldeia.
*”A macieira” (performance)
Peguei água do Emajõgi da Estônia (rio da mãe). Pedi às pessoas que dissessem à água os seus desejos para o povo de Nodar. Com esta água plantei uma macieira em Nodar na margem do rio Paiva.”
O projecto de Anna Hints para o Festival Paivascapes tomou a forma de uma viagem sobre o que significa para ela um rio. Um fluxo pessoal com vários pontos de encontro que se converteu em três obras distintas.
1. Pediu às pessoas para se aproximarem do rio e ficarem em silêncio a ouvir os sons dentro e fora de si mesmos. Silêncio pessoal ligado pelo rio.
2. Contou segredos íntimos ao rio Paiva, de tal forma que o ruído incessante das suas águas apenas permitiu que o próprio rio os ouvisse.
3. Pediu às pessoas de aldeias à beira do Rio Paiva para se juntarem a ela a cantar canções tradicionais. Todos foram convidados a cantar algo que os afectou, que faz parte da sua memória pessoal. Na maneira de cantar as músicas para o rio, as nossas memórias pessoais são recolhidas e distribuídas em torno da água.
Anna Hints é uma artista oriunda da Estónia que trabalha nos domínios da fotografia, performance, instalação, arte sonora, canto folclórico e experimental. Estudou Literatura e Folclore Estónios e Comparativos na Universidade de Tartu e Fotografia na Faculdade de Artes de Tartu. Desde 2005 tem apresentado o seu trabalho em festivais, galerias e museus na Rússia, México e em diversos locais da Estónia.
OBRAS ARTÍSTICAS