Terra, Gente & Som
Residência de arte sonora

Município de Vouzela (Portugal)
9 a 29 Outubro 2016
Apresentação pública, Sáb. 29 Outubro às 18h00
Lafões.Cult.Lab, Vouzela (Portugal)

Com:

Émilie Bahuaud [França] Juan Duarte Regino [México] Marialuisa Capurso [Itália] Sébastien Piquemal [França]

Organização: Binaural/Nodar em parceria com o Município de Vouzela

Pela Terceira vez no espaço de um ano, a Binaural/Nodar acolherá no Município de Vouzela mais uma residência artística internacional de pesquisa sonora em estreita ligação com o território e com as comunidades locais, conceito que a mesma associação desenvolve pacientemente desde há uma década e que já permitiu acolher nos municípios de Lafões mais de 150 artistas e investigadores oriundos de todo o mundo.

Esta residência artística é igualmente parte integrante da rede europeia SoCCoS (“Sounds of Culture, Culture of Sounds”) cofinanciada pelo programa Europa Criativa da Comissão Europeia e que inclui as seguintes organizações culturais: Binaural/Nodar (Portugal), QO-2 (Bélgica), CTM/Disk (Alemanha), A-i-R Laboratory (Polónia) e Hai-Art (Finlândia).

Depois de muitos anos a acolher projetos artísticos que desenvolveram temáticas específicas do território rural (as paisagens ribeirinhas, a voz antropológica, religião, a arquitetura rural e a mobilidade social), a Binaural/Nodar dedicou os anos de 2015 e 2016 a acolher projetos com um guião temático menos restrito, promovendo um sentido libertador de contacto orgânico e expressivo com as paisagens e comunidades locais, através de várias iniciativas multidisciplinares: workshops, performances, passeios sonoros e instalações, cujos estímulos derivam fundamentalmente dos estímulos e empatias presentes na interação com o local.

Os quatro artistas que efetuarão trabalho criativo em Vouzela têm percursos diversos e multifacetados, nas áreas da arte sonora, performance vocal, code-art, improvisação livre e artes visuais.

Juan Duarte Regino
Sébastien Piquemal

Para-FonoM GO

A residência de Sébastien Piquemal e Juan Duarte Regino será baseada num ateliê a ser desenvolvido com jovens de Vouzela, no âmbito do qual será criada uma instalação temporária na localidade. Dispositivos construídos pelos participantes serão colocados em vários locais e irão propagar sons “escondidos” do ambiente. Os sons transmitidos à distância serão escutados através de simples rádios FM e qualquer pessoa que sintonize a frequência poderá caminhar e procurar esses sons (daí a analogia do título do projeto “Para-FonoM” GO com o famoso jogo Pókemon GO). A relevância do projeto vai para além da simples aprendizagem tecnológica ao pretender usar o rádio de forma crítica, no contexto de um projeto que reúne arte participativa, empoderamento e identidade cultural, através de uma experiência sonora guiada.

Juan Duarte Regino
Nascido na Cidade do México em 1985, trabalha em interações enquanto ferramenta para experimentações de arte generativa, através da exploração de plataformas analógicas e digitais enquanto agentes para a transformação de materiais, através do som e da imagem. O seu trabalho foi já apresentado no CTM Festival 2015, Spiral Gallery,, AAVE Festival, Bonniers Konsthall, Rundum Showcase, ICLI 2014 , Ljudmila, Radio and TV Museum of Lahti, Centre for Contemporary Art – Ujazdowski Castle, Mänttä Art Festival. Desde 2014 é membro do Pixelache – um grupo de arte e ativismo baseado em Helsínquia, trabalhando em artes media para o envolvimento social e apropriação tecnológica.

Sébastien Piquemal
Músico experimental e programador francês que vive em Helsínquia. Autor de #WebPd e outros projetos áudio de código livre. Tem tocado extensivamente em festivais e eventos de arte sonora/media, nomeadamente junto com Tim Shaw.
http://funktion.fm

Émilie Bahuaud
Voices, sounds and words,
a walking diary

“Vozes, sons e palavras, um diário caminhando” é um projeto que será desenvolvido na zona de Vouzela, o qual associa de forma orgânica a criação sonora com o ato de caminhar. É um lento processo de emergência de escrita sonora, de textos introspectivos, de melodias e ritmos, do corpo e da sua posição no meio ambiente, dia após dia, passo a passo, através do rigor de um exercício repetido e da libertação gradual do processo criativo. Poderá transformar-se num diário sonoro, num concerto, ou numa peça para rádio.

Após uma primeira vida enquanto artista visual, formada pela ENSAD, Émilie Bahuaud manteve dessa experiência o desenho e a apropriação de várias técnicas, sendo a música o que realmente ocupa a sua vida, através da participação em várias formações ocasionais, no encontro e na improvisação. Em paralelo, tem lentamente construído o seu projeto a solo, nos limites do exercício vocal extremo com textos de uma língua imaginária, em direção a uma experiência de sedução direta. O seu universo é simultaneamente frágil e intenso.

Marialuisa Capurso
Rural Tableau

A necessidade de escutar, de reinventar a nossa escuta, a abertura dos sentidos num lugar não saturado. Uma abordagem táctil que conduz à percepção do outro. A experiência do real através do toque, reduzindo distâncias e aportando um sentido de nudez e de exposição ao mundo. Uma investigação em como a voz altera, em como o corpo sente e em como o mesmo se pode relacionar com um ambiente específico
Marialuisa Capurso trabalhará em Vouzela na experiência do “outro”, usando técnicas sensoriais, vocais e corporais, para uma sintonização com um novo contexto rural, para posteriormente registar e mapear uma série de performances de longa duração com a ajuda de partituras gráficas.

Marialuisa Capurso é uma cantora, artista sonora, compositora e performer oriunda do Sul de Itália. O seu trabalho é multidisciplinar e focado na relação entre voz, som, sons do ambiente, improvisação vocal e corporal. A artista investiga e explora uma diversidade de sons acústicos e interfaces electrónicos como extensão da voz humana. Arte e vida, som e movimento, sendo a improvisação a linha comum que conduz a sua pesquisa para a criação de novos mundos.