Uma versão sonora de Passageira em Casa, um projeto de Maile Colbert e financiado pela Direcção Geral das Artes, foi seleccionada através de uma candidatura aberta internacional para Sound Devices – uma série de miniaturas sonoras a ser apresentada ao longo de 2013 na Biblioteca Rathmines na cidade de Dublin.

Sotaque, aliteração, assonância, consonância, eufonia, …: um dispositivo sonoro é um recurso utilizado por escritores para transmitir e reforçar significado ou experiência graças ao uso do som …

Agora não farei mais nada, senão escutar …
Ouço todos os sons correndo juntos, combinados,
fundidos ou seguindo,
sons da cidade e sons na cidade,
sons do dia e da noite. …
Walt WhitmanCanção de mim mesmo

De Homero a Ezra Pound, de Virgílio a Camus, a utilização, bem como a descrição de sons tem sido uma presença constante na poesia e ficção. Sound Devices é uma série de eventos mensais curados para explorar a conexão criativa entre som e literatura, com um programa emocionante que tem lugar na histórica Biblioteca Rathmines na cidade de Dublin.

Organizada como comemoração do 100 º aniversário da Biblioteca, com curadoria do premiado artista sonoro La Cosa Preziosa, cada evento mensal irá apresentar um programa variado e instigante de miniaturas sonoras irlandesas e internacionais.

Passageira em Casa é uma perfomance intermedia e multi-disciplinar inspirada pela viagem em busca da definição de “casa”. A narrativa é parcialmente ficcionada e consiste num relato pessoal sobre a história marítima de Portugal, levada à cena por uma bailarina, uma performer vocal, uma artista vídeo e um compositor sonoro e outros artistas… todos eles filhos da emigração. O texto do projecto é inspirado em Os Lusíadas, de Luís de Camões.

O texto do projecto foi desenvolvido pela directora e pelo poeta Ian Colbert, baseado n’Os Lusíadas, em cantos Havaianos, memórias e diários dos antepassados da directora, por textos da sua autoria e outros textos relacionados com viagens marítimas e história e cultura de Portugal. O projecto é adaptado a vários contextos históricos, culturais, linguísticos, arquitecturais e pessoais, mantendo uma base conceptual mas sendo recriado à medida que viaja para novas locais, como um Cadáver Esquisito épico.