“A Esposa” de Manuela Barile e Sérgio Cruz e produzido pela Binaural / Nodar acaba de terminar a sua pós-produção e o trailer do filme está a partir de hoje disponível para visualização online.
A “Esposa” é um filme de Manuela Barile e Sérgio Cruz que é conduzido a partir de uma reflexão sobre a importância ancestral do casamento e da crise que toda mulher vive, à sua própria maneira e dependendo da idade e do contexto em que vive, no dia da cerimónia. O casamento sempre foi uma grande mudança na vida de uma mulher na medida em que ela deixa a família para sempre, a casa onde nasceu e onde sempre viveu, para encaminhar-se rumo um novo e incerto futuro. De forma a superar este momento dramático de passagem, a personagem principal concebe o seu próprio ritual, o qual, de alguma forma, a vai ajudar a dar um sentido para a sua inquietação e será fundamental para a sua reintegração na comunidade de onde provém, ligando-se assim ao fluxo de memória, à herança dos antepassados da qual ela se sente ser a continuação.
“A Esposa” teve como base de trabalho uma pesquisa antropológica realizada entre as mulheres na aldeia rural de Sequeiros (S. Pedro do Sul, Portugal), algumas das quais participam no filme, em pessoa ou através das vozes que contam a experiência do dia do casamento. A banda sonora do filme, uma composição sonora de Manuela Barile usando performance vocal, composição eletroacústica e gravações de campo, é fiel ao mundo interior dessas mulheres, ampliando e transformando-o num eco ancestral que ressoa através de toda a sequência do filme.
Manuela Barile é uma artista italiana que vive e trabalha na região rural do maciço da Gralheira (S. Pedro do Sul) desde o 2006. Aqui desenvolve projectos em estreito contacto com as comunidades locais, tendo em conta aspectos específicos do território como a tradição, a memória, os símbolos e os rituais depositados no solo como marcas indeléveis. O seu trabalho artístico combina antropologia visual e sonora, documentário, vídeo arte, performance art e performance vocal, tocando questões íntimas como a morte, a pobreza, o trabalho, a felicidade, a emigração, etc. A arte de Manuela Barile é uma investigação contínua sobre a realidade, sobre o estar no mundo, sobre a experiência pessoal. Usando como ponto de partida a sua própria existência e a de pessoas comuns, o trabalho da artista é capaz de transformar a experiência individual num lugar de projecção colectiva. Como cantora, embarcou em 2001 num percurso pessoal na área da experimentação vocal aplicada à improvisação livre. A artista baseia-se no uso de “técnicas vocais estendidas” focadas na relação entre voz, corpo, paisagem sonora e propriedades acústicas dos lugares. Manuela Barile é presentemente directora artística da Binaural/Nodar, uma organização cultural Portuguesa dedicada à promoção da arte sonora e intermédia em contexto rural. Os seus filmes foram exibidos em varios festivais: Australian International Experimental Film Festival, Cologne OFF, Optica, Videoholica, Festival Internacional de Cinema de Camden (US), etc.
Sérgio Cruz é um artista/realizador português que vive em Londres. Inicialmente estudou som e imagem em Portugal e na Holanda. Posteriormente, com o objectivo de combinar o seu interesse pelo cinema, performance e arte plásticas, frequentou os mestrados em Artes Plásticas na Central Saint Martins e em “Dance for the Screen” na The Place-London Contemporary Dance School. Desde então, a sua prática artística tem sido devotada ao filme/vídeo enquanto meio para articular aspetos relacionados com o gesto, criando para o efeito curtas metragens que também se relacionam com a natureza e com a humanidade. Sérgio Cruz ganhou diversos prémios entre os quais o de Jovens Criadores do Clube de Artes e Ideias – área de vídeo, o prémio FNAC Novo Talento no festival IndieLisboa, o de melhor curta metragem no festival Tom de Vídeo 06 e o The Red Mansion Art Prize. Os seus filmes têm sido apresentados internacionalmente na televisão (por exemplo, como parte da série Three Minute Wonder do British Channel 4) e exibidos em festivais de filme e galerias de arte (incluindo a exposição coletiva Figuring Landscapes na Tate Gallery, Londres e a exposição individual na Art Claims Impulse gallery em Berlim).