O CANTAR DAS NASCENTES
18º ciclo anual de residências artísticas em artes sonoras e media

De 17 a 29 junho 2024
Carvalhal de Vermilhas e Vouzela (concelho de Vouzela)
Com Christina Tsantekidou, Daniel Lercher e Mila Panić

Uma organização da Binaural Nodar com apoio do Município de Vouzela, da União de Freguesias de Cambra e de Carvalhal de Vermilhas e da Associação Recreativa e Cultural de Carvalhal de Vermilhas.

No âmbito da primeira residência artística do seu 18º programa anual em residências artísticas em artes sonoras e media, a Binaural Nodar irá entre acolher, entre 17 e 29 de junho, três projetos artísticos que pensam e expressam temáticas relacionadas com a interação entre água e cultura em contextos rurais.

Christina Tsantekidou (Grécia/Alemanha)

O projeto “Waterscapes of Belonging” de Christina Tsantekidou centra-se no profundo simbolismo da água enquanto elemento fundamental que liga a vida humana, o nascimento e a migração. A água, com a sua presença universal nos nossos corpos e narrativas culturais, é o tema central deste projeto. Ao explorar o significado metafórico e literal da água na nossa existência, o projeto artístico visa descobrir experiências humanas partilhadas que transcendem as diferenças culturais. O projeto combina a narração de histórias com fotografia e som multicanal, com o objetivo de fazer as pessoas refletirem sobre a forma como a água, a migração e o desejo de pertença estão interligados.

Christina Tsantekidou nasceu em 1987 em Sverdlovsk (atualmente Yekaterinburg), Rússia, e cresceu em Thessaloniki, Grécia. Vive e trabalha em Berlim e na Grécia.
A sua prática explora a forma como nos relacionamos e interiorizamos as mudanças geopolíticas que ocorrem ao longo da nossa vida e que transportamos connosco das gerações passadas. A artista emprega uma vasta gama de meios para abordar temas social e politicamente como as questões globais relacionadas com a imigração e a identidade cultural. Christina Tsantekidou utiliza histórias biográficas como veículo para navegar através da história política e da memória coletiva, explorando a natureza da nossa existência, onde as reflexões sobre as circunstâncias do passado trazem uma consciência do presente. As suas obras foram apresentadas em exposições realizadas em contextos como o Common Ground (Berlim, Alemanha, 2019), Thresholds of Life (Pafos, Chipre, 2019) e Perpetual Lines (Lahti, Finlândia, 2018).

Daniel Lercher (Áustria)

O projeto de Daniel Lercher visa produzir uma instalação sonora site-specific. A sua ideia consiste em construir num ribeiro uma pequena nora de madeira que gerará pequenas quantidades de energia eléctrica, o suficiente para alimentar um pequeno circuito áudio DIY (semelhante ao estrilar de um grilo). As noras fazem parte integrante das culturas rurais desde há séculos e constituem o mais antigo dispositivo mecânico movido por outros meios que não o humano ou o animal. A instalação será combinada com uma performance em que o artista irá interagir com os sons da instalação.

Daniel Lercher nasceu em 1983 numa zona rural da Áustria, residindo e trabalhando atualmente como artista sonoro, compositor e músico em Viena. É licenciado pelo curso de música computorizada e de meios eletrónicos pelo Instituto de Composição e Eletroacústica de Viena. O trabalho de Lercher centra-se na composição/improvisação eletroacústica, live-eletrónica, fonografia, instalações, música para dança e cinema, etc. A sua lista de atividades inclui mais de 300 concertos, instalações e residências em quatro continentes. As suas obras foram apresentadas em festivais como ORF-Musikprotokoll (AT), Wien Modern (AT), BCSC (AUS), Signal&Noise (CAN), Neposlušno (SVN), Insomnia (NOR), ICAS (DE), La Petit Mort (CZ), etc.

Mila Panić (Bósnia-Herzegovina/Alemanha)

O projeto proposto por Mila Panić consiste numa performance/instalação sonora que explora a fermentação como um remédio para as questões sociais, convidando os participantes a participar num ritual conhecido na Bósnia, uma prática conhecida em Portugal como escalda-pés. Este é um tempo que pode ser passado em silêncio quando se está sozinho, mas neste caso pode ser um local de troca de ideias, tendo a água como veículo. Concebido como uma pausa comunitária, este evento oferece aos participantes a possibilidade de refrescarem os pés numa simples mistura de água e sais, experimentando um momento de repouso, de reflexão e de lazer, tal como a praticam as classes trabalhadoras.

Mila Panić é uma artista, investigadora e aspirante a comediante originária da Bósnia-Herzegovina, vivendo atualmente em Berlim. A prática de Mila questiona as narrativas existentes da diáspora e questões relacionadas com a fenomenologia do lugar, tais como a noção alargada de pertença, culpa e responsabilidade. Nos seus projetos, que vão da documentação personalizada a elementos visuais e discursivos altamente poéticos, aborda a constante aspiração a uma vida melhor e contrabalança as expectativas pessoais com a intimidade como ferramenta de resistência. As obras de Panić foram expostas no Kunsthaus Dresden, na Bienal de Arte Jovem de Moscovo, no Künstlerhaus Wien, no Museu Nacional de Arte Contemporânea de Skopje, na Macedónia do Norte, e na Bienal de Jovens Artistas Mediterranea 19, em San Marino, Itália, entre outros. Panić recebeu uma Bolsa de Investigação para Artes Visuais 2021 do Departamento de Cultura e Europa do Senado e participou em muitas residências, festivais e palestras, incluindo Künstlerhaus Lukas em Ahrenshoop, Alemanha, Kultur Kontakt Residency em Viena, Áustria, ADATA AiR em Plovdiv, Bulgária.

A Binaural Nodar é uma entidade cultural apoiada pela República Portuguesa – Cultura | Direção-Geral das Artes.