AVEIRO, INSTANTE DISTANTE
Um álbum de Rui Costa
Edições Nodar, 2023
A Binaural Nodar anuncia o lançamento do álbum “Aveiro, Instante Distante” da autoria de Rui Costa, na plataforma Soundcloud.
A experiência que um turista tem de uma cidade é em grande medida determinada pela aleatoriedade das impressões no limite da consciência, de um mapeamento permanente entre o que se vê e os desejos, ideias preconcebidas, memórias, etc. “Aveiro, Instante Distante” seguiu um processo mental como ponto de partida para a criação artística.
O registo sonoro de uma cidade que se visitou pela primeira vez, Aveiro (Portugal), incorporou este processo mental de uma forma muito evidente. Ao registar-se o ambiente sonoro do lugar, muito sobre o sujeito é também captado: decisões de onde ir, que locais evitar, quanto tempo permanecer num local, quão rápido caminhar, ideias preconcebidas do que se pretende gravar, etc.
O registo começou no verão de 2010 com uma fase de “turismo sonoro”. Com o auxílio de um guia turístico, em que se definiram os percursos que poderiam ser percorridos e gravados com o auxílio de um par de microfones binaurais. Ao longo do percurso, foram registados impressões, estados de espírito, associações mentais e decisões. Esta informação foi posteriormente utilizada para criar uma partitura ou uma série de instruções que serviu para a segunda fase do trabalho, uma instalação sonora multicanal, apresentada entre 18 e 28 de agosto de 2010 no Estúdio Performas em Aveiro, com o título “Sightseeing for the blind in Aveiro”.
Passaram treze anos, o material sonoro gravado inicialmente foi revisitado e, à luz das impressões difusas de um instante distante, de um afastamento espacio-temporal que introduziu novas camadas de sentido, ligadas à memória e à reconfiguração da própria ideia sobre a cidade de Aveiro, foi concebida uma peça sonora estéreo, que agora a Binaural Nodar edita na forma de álbum digital.
“Aveiro, Instante Distante” é também uma homenagem a uma cidade que tem estado presente de forma contínua na história recente da Binaural Nodar, nomeadamente através da parceria, estabelecida no mesmo ano de 2010, com o Mestrado em Criação Artística da Universidade de Aveiro. Ao longo destes 13 anos, tem sido feita uma reflexão artística coletiva sobre a relação entre as paisagens rurais do vale do rio Vouga, na região de Lafões, e a cidade de Aveiro, ponto de chegada de um rio carregado de memórias de fluxos sociais, económicos e simbólicos entre a serra e o mar.
Rui Costa é um artista sonoro e programador residente Lisboa, Portugal. É membro fundador da Binaural Nodar, uma organização artística criada em 2004 e dedicada à promoção de projetos de arte participativos e site-specific em contextos rurais da região Viseu. Rui Costa apresenta e expõe o seu trabalho artístico desde 1998 e colabora regularmente com a artista intermedia americana Maile Colbert. Co-editou o livro “Três Anos em Nodar: Práticas Artísticas em Contexto Específico no Portugal Rural”, publicado pelas Edições Nodar em 2011 e criou um número considerável de obras sonoras apresentadas e/ou editadas pela Binaural Nodar em múltiplos contextos portugueses e internacionais.
A Binaural Nodar é uma entidade cultural apoiada pelo Governo Português – Cultura | Direção-Geral das Artes.