FESTIVAL VOZES DE MAGAIO
Magaio Voicescapes: Primeiro Ciclo de Residências Artísticas
Apresentação Pública de Trabalhos Sonoros e Media
Sábado, 21 Maio 2011, 17:00 – 19:00
Antiga Escola Primária do Fujaco
Coordenadas: 40° 50′ 42.21″ N, 8° 4′ 42.65 W
-c: Pedro Tudela e Miguel Carvalhais (Portugal)
Pierre Gauvin (Canadá)
Suzanne Barnard (EUA)
Trabalhos Apresentados:
-c: Pedro Tudela e Miguel Carvalhais (Portugal)
Há algo na verbalização que tem uma consistência diferente da que se quantifica num texto visto e lido: As suspensões, o fôlego, o ataque e o término das palavras ou das frases. Estes, a par do timbre, são jeitos ligados ao dizer e que contribuem para diferenciar, personalizar e identificar as vozes que o dizem. No cantar, nas rezas ou mesmo nos discursos, estas verdades dilatam, porque as palavras ditas apresentam-se estendidas com a quantidade dos harmónicos e dos tons. Separar estes resultados aditivos e isolá-los com processos subtractivos, transforma a legibilidade do discurso em ruído, que não abdica nem rejeita em pleno o filtro a que foi submetido, mas alvitra uma nova plasticidade sonora, solta da narrativa inicial.
Miguel Carvalhais e Pedro Tudela colaboram como -c desde 2000, desenvolvendo trabalho sonoro ou audiovisual, quando acompanhados pela artista austríaca Lia. O seu trabalho desenvolve-se por três abordagens complementares à arte sonora e à música digital: a composição procedimental, a música concreta e a improvisação. Ao longo dos anos Tudela e Carvalhais têm vindo a desenvolver composições progressivamente mais estruturadas e complexas, entre os campos da música experimental, da arte sonora e da performance ao vivo.
Pierre Gauvin (Canadá)
Relativamente às vozes rurais do maciço da Gralheira, Pierre Gauvin propôs gravar pessoas que lêem textos curtos. Estes textos são de preferência pessoais. São cartas, notas encontradas, textos escritos pelo leitor, seus familiares passados e presentes. Os textos podem ser relativos a acontecimentos sobre o quotidiano, cartas de amor, notas de todos os tipos, ficcionadas ou histórias da vida real. Resumindo, todos estes textos do passado e do presente são directamente decorrentes da Gralheira. Os textos são acompanhados de peças sonoras, compostas de efeitos sonoros, como ruídos ambiente e sons de instrumentos acústicos como o acordeão, flauta, kalimbas, etc. As peças sonoras resultantes do projecto estão imbuídas de personalidade regional.
Nascido em 1959 em Montmagny, Pierre Gauvin cresceu em Thetford Mines e Victoriaville na província do Québec, no Canadá. Ele estudou fotografia, cinema e música eletro-acústica na Universidade de Concordia, em Montreal, e é um fotógrafo, performer, artista electro-acústico e escritor.
Suzanne Barnard (EUA)
Uma topografia sonora e subvisual de uma “paisagem” nocturna sagrada das aldeias de Magaio. A obra tem a forma de um filme experimental de 10 minutos onde as vozes e os sons orientam o registo das imagens. O interesse da artista incide no trabalho com os elementos orais / auditivos e visuais bem como nas manifestações sinestéticas da voz. Cada “lugar” na topografia é animado por pessoas que dão voz ao misterioso, sagrado, espiritual, ancestral, e/ou a experiências que tiveram durante ou após o anoitecer num local da sua aldeia, seja sozinhos ou com outros: experiências misteriosas da natureza ou com animais, um sonho extraordinário sobre um lugar, uma conversa com os antepassados num lugar significativo, ou uma visão, revelação, ou encontro sagrado (um sinal do divino, uma mensagem de um anjo, um dom do mundo espiritual, etc.).
Suzanne Barnard é professora associada de psicologia na Universidade de Duquesne (Pittsburgh, PA, EUA), uma cineasta narrativa experimental, e uma psicóloga clínica. Recebeu o seu Ph.D. pela Universidade Loyola de Chicago, e concluiu um pós-doutoramento na Universidade de Georgetown e um diploma em cinema digital pela New York University.
Programa completo do Festival Vozes de Magaio: https://www.binauralmedia.org/news//news/pt/archives/1856