ECOS DA IDA E DO RETORNO: SENTIDOS DA EMIGRAÇÃO NA FREGUESIA DE CALDE

Ecos da ida e do retorno: sentidos da emigração na freguesia de Calde
Um projeto de Luís Costa, Ana Rodríguez e Liliana Silva para a Binaural Nodar

Co-produção: Binaural Nodar, Museu do Linho de Várzea de Calde (Museus de Viseu) e Junta de Freguesia de Calde.

Com: Graciano Lourenço, Virgínia Lourenço Pereira, José de Almeida Gonçalo, Virgínia de Jesus, António Santos, Cidália Santos, Maria do Carmo Campos, Luís Maurício, Cidália Costa, Alcina de Jesus, António Brito Martins e José Fernandes.

Desde o final do século XIX até à atualidade, milhões de portugueses emigraram, procurando alternativas à pobreza, a uma economia de subsistência e/ou à falta de oportunidades de trabalho. Como tal, a emigração é simultaneamente parte da memória e do presente das regiões rurais portuguesas. Em cada aldeia coexistem múltiplas camadas temáticas que se relacionam com as distintas vagas de emigração, aquelas mais longínquas, para o Brasil, Venezuela, Estados Unidos da América, etc. ou aquelas mais próximas, para países europeus como a França, Alemanha, Suíça ou Luxemburgo. De igual forma, muitas zonas rurais acolhem hoje pessoas originárias de outras paragens dos vários continentes, num processo em sentido contrário ao que encetaram tantos portugueses.

O voo migratório pensado em termos histórico-sociais identificou origens, destinos, contextos, motivações e quantificou os fluxos dos que emigraram e dos que regressaram ou não. Não obstante, existe um leque literalmente infinito de temas que é possível aprofundar quando se contacta diretamente com antigos e atuais emigrantes e com os seus descendentes, como a arquitetura, a economia, a língua, os sentidos de pertença e de inserção cultural dos que emigraram e dos seus descendentes, as percepções sobre a evolução dos lugares de destino e origem, o tipo de vinculação com o mundo rural, as narrações e os registos documentais familiares, a simbologia e semiótica afetiva, a gastronomia e tantos outros.

No âmbito de um projeto dedicado aos fenómenos migratórios, intitulado “Ecos da Ida e do Retorno” que a Binaural Nodar está a desenvolver em vários territórios beirões e em países como a Suíça, Brasil e Uruguai, a equipa da Binaural Nodar efetuou em setembro de 2022 um conjunto de entrevistas sonoras e de registos fotográficos com antigos e atuais emigrantes originários da freguesia de Calde, com particular atenção a aspetos relacionados com a “sensorialidade migrante”, ou seja, como a condição de pertença partilhada (entre o lugar de origem e de migração) se reflete nos sentidos (a paisagem visual e sonora, os cheiros, a música, a gastronomia, os objetos com valor simbólico, etc.).

Projeto co-financiado pelo Município de Viseu, no âmbito de um protocolo de apoio e pela Direção-Geral das Artes, no âmbito de um financiamento bienal estrutural.