Autor: Rui Costa
Número de Catálogo: Edições Nodar, nodar.028

“Uma vez, eu tinha 16 anos. Nessa idade, ainda parecia uma criança. Foi no regresso de Saigão, depois do amante chinês, num comboio noturno, o comboio de Bordéus, por volta de 1930.
(…)
À volta do comboio, à noite. O silêncio dos corredores no meio do barulho do comboio. As paragens que o acordavam. Ele desceu à noite. Em Paris, quando abri os olhos, o seu lugar estava vazio”.

Em “O Comboio de Bordéus” de Marguerite Duras

Uma peça sonora baseada no pequeno texto de Marguerite Duras “Le Train de Bordeaux”. A obra é uma reflexão sobre a ressonância da linguagem falada antes da produção de sentido. O conto foi interpretado na sua dinâmica e musicalidade e, com base nele, foi produzida uma partitura para conduzir o desenvolvimento da peça ao longo do tempo. De seguida, o texto foi entregue a várias pessoas de diferentes línguas que o leram em voz alta e gravaram as leituras em som. Desta forma, um único texto foi traduzido em som (verbal e não-verbal) usando uma abordagem multi-camadas onde texto, voz, idioma, corpo, subjetividade, linguística, todos se misturam na peça.

Este trabalho estreou no Centro Em Movimento, Lisboa (Portugal) em 10 de junho de 2004.

Créditos:

Composição: Rui Costa
Voz: Begoña Ríos, Marc Behrens, Rui Costa

Rui Costa é um artista sonoro e programador artístico de Lisboa, Portugal. É membro fundador da Binaural Nodar, uma organização artística criada em 2004 e dedicada à promoção de projectos artísticos contextuais e participativos nas comunidades rurais de Viseu, Portugal. Rui Costa tem vindo a atuar e a expor o seu trabalho artístico desde 1998 e a colaborar regularmente com a artista intermédia americana Maile Colbert. Co-editou o livro “Três Anos em Nodar: Práticas Artísticas em Contexto Específico no Portugal Rural”, publicado pelas Edições Nodar em 2011 e criou muitas obras sonoras apresentadas e/ou editadas em múltiplos contextos portugueses e internacionais.