Mal de Ulisses
O projeto de Rui Catalão com comunidades migrantes
A Binaural Nodar prosseguiu a sua colaboração com Rui Catalão, através do acolhimento e coprodução de um novo projeto, intitulado “Mal de Ulisses”, o qual teve, entre 15 e 19 de maio 2023, uma primeira residência de recolhas junto da comunidade.
Portugal testemunhou na sua história recente duas experiências migratórias pouco estudadas: quem saiu do país durante a ditadura e quem chegou na era da União Europeia. Fresco de uma sociedade portuguesa em rápida transformação, “Mal de Ulisses” põe em diálogo testemunhos de um país a desaparecer e de outro a emergir.
Epopeia traumática daqueles que abandonaram os seus países de origem em busca de outro futuro, em Mal de Ulisses” velhos emigrantes e jovens imigrantes contam a sua história: porque deixaram a sua família, o seu modo de vida, e os problemas de adaptação que enfrentaram.
Com criações distintas, adaptadas aos locais de apresentação, e elencos constituídos por imigrantes ou seus descendentes, “Mal de Ulisses” desenvolve-se em várias regiões de norte a sul do país. Este modelo de trabalho preconiza a autonomia progressiva dos grupos locais.
Ficha artística e técnica:
Conceção, dramaturgia, texto e encenação: Rui Catalão
Performers: 3 performers da comunidade
Figurinista: a definir na comunidade
Direção técnica: João Chicó
Entrevistas: Madiu Furtado
Produção executiva: Marta Moreira
Produção: Irreal
Coproduções: Teatro Municipal do Porto – Rivoli . Campo Alegre Festival Todos (Lisboa), Futurama (Serpa), A Oficina (Guimarães), Binaural Nodar (Vouzela) e Teatro das Figuras (Faro)
Biografias:
Rui Catalão é licenciado em comunicação social pela UAL, fez crítica de cinema desde a adolescência no Jornal de Sintra e foi jornalista, crítico de música e de literatura do Público, onde ainda colabora episodicamente. Também escreve uma secção mensal na revista GQ. Como dramaturgista colaborou com João Fiadeiro, Ana Borralho e João Galante, Miguel Pereira, Tonan Quito, Elmano Sancho, Diana Niepce, Mihai Mihalcea, Eduard Gabia, Manuel Pelmus, Mihaela Dancs, Brynjar Bandlien, Madalina Dan. Na área pedagógica, ensina um método de tomada de consciência e criação de narrativas a partir de experiências pessoais a que chamou “O jogo das perguntas difíceis”, de que resultaram, por exemplo, as oficinas de teatro “Agora faz tu”, assim como as peças que criou no Vale da Amoreira com um colectivo de jovens de origem africana que interpretam as suas próprias histórias, com narrativas da guerra, da vida no subúrbio e da diáspora africana: “E agora nós”, “Adriano já não mora aqui”, “Medo a caminho” e “A Rapariga Mandjako”.
Madiu Furtado Embaló (n. Bubaque, Guiné-Bissau, 1992). Deixou a Guiné-Bissau durante a guerra civil, quando tinha oito anos, e instalou-se com a mãe e os irmãos no Vale da Amoreira, onde viveu 16 anos. O pai ficou na Guiné. Foi jornalista do diário regional O Setubalense e colaborou com o Observador. Tem o curso de Comunicação Social e marketing do Instituto Politécnico de Setúbal. Escreveu o romance “Um de nós”, sobre a comunidade africana da margem sul. É o autor dos textos de “Ao abrigo da distância”, a nova peça de Rui Catalão.