A participação de Sofía Balbontín durante a residência artística em Junho de 2023, produzida pela Binaural – Associação Cultural de Nodar, consistiu numa valorização dos espaços vazios da zona de Viseu, contemplando sobretudo os espaços e infra-estruturas de sistemas produtivos que porventura se tornaram obsoletos, modificando a economia local causando a consequente emigração de uma população em busca de novas e melhores oportunidades. Estes espaços vazios fazem parte da memória do lugar, das actividades que outrora deram vida às aldeias da zona e que, quando foram abandonadas, provocaram também o abandono da população. A obra Tungsteno consiste numa ocupação temporária da Mina de Queiriga, que na altura era explorada para a extração de Volfrâmio, um mineral utilizado para produzir Tungsténio, que é um metal altamente resistente que foi utilizado nas guerras mundiais. A mina foi abandonada depois de a extração de volfrâmio ter deixado de ser economicamente competitiva.
O projeto explora os sons característicos da mina, a partir dos quais foi desenvolvida uma composição que procura enaltecer as características acústicas do local. Para a implantação sonora a artista utilizou o “Polyphono”, um sistema sonoro de 10 extremidades sonoras colocado de forma dispersa pela mina, criando um sistema multicanal de espacialização sonora que dialoga com os diferentes recantos do lugar, o que eventualmente estimula as diferenças acústicas que a mina alberga bem como a total magnitude sonora da gruta, onde o próprio espaço é quem modula o som. O resultado final revelou ser uma performance ao vivo no interior da mina, com o apoio de sintetizadores, ondas electromagnéticas e sons dos túneis subterrâneos, lançados no espaço e modulados por ele, criando um diálogo com a acústica da mina.
Sofía Balbontín (Santiago, 1985) é uma arquiteta e artista sonora chilena radicada em Lisboa, co-diretora do projeto Resonant Spaces e membro do NLC Nucleo de Lenguaje y Creación UDLA. O seu trabalho centra-se principalmente na interação entre som e espaço, desenvolvendo a partir deste ponto de partida propostas experimentais em torno da música, vídeo, performance e instalação. Sofía é professora na escola de arquitetura Universidad de las Américas, Chile e atualmente cursa um doutoramento em Artes Performativas na Universidade de Lisboa.