REBORDINHO: UMA ALDEIA RETRATADA
Exposição fotográfica e audiovisual
Antiga Escola Primária de Rebordinho (município de Vouzela)
Inauguração: Quarta-feira, 26 julho às 19h00
Período de abertura: 27 a 30 julho, das 10h00 às 18h00
A partir de 1 agosto a exposição estará disponível para ser visitada por marcação prévia, através do nº de telefone 968 704 063
A exposição “Rebordinho: Uma aldeia retratada” que inaugura no dia 26 de julho pelas 19h00, resultou de um desafio lançado durante uma conversa entre representantes da Binaural Nodar e do Conselho Diretivo da Comunidade Local dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro, para que o edifício da antiga escola primária da aldeia, sem qualquer utilização de relevo até ao momento, pudesse acolher iniciativas culturais regulares. Tendo a Binaural Nodar realizado no passado recente vários projetos que envolveram a recolha de fotografias antigas junto de comunidades de várias aldeias da região de Viseu, tomou-se a decisão de que a primeira iniciativa a programar seria precisamente uma exposição resultante de recolhas de fotografias antigas na aldeia de Rebordinho.
O que nos pode dizer uma exposição fotográfica com quase duzentas imagens cedidas por habitantes de uma aldeia, como Rebordinho, e que cobrem praticamente um século de duração? Desde logo, e num rápido “voo de pássaro”, percebemos algumas mudanças óbvias: a evolução tecnológica da captação de imagens, do preto e branco até à cor, as poses que deixaram de ser tão formais para serem mais descontraídas ou a indumentária usada, que antes era tecida, cortada e cosida localmente e que mais tarde passou a ser comprada nas feiras ou nas lojas da vila, muita dela já importada de outros países.
Não obstante, estas primeiras observações acabam por ser redutoras, pois, quiçá, o mais importante na exposição fotográfica “Rebordinho: Uma aldeia retratada” é outra coisa e consiste na consciência da rápida transformação de um mundo rural que vivia, até há meio século, em absoluto estado de subsistência, com uma economia baseada na produção agrícola familiar e na venda ocasional de animais, de produtos e de serviços: ferreiro, pedreiro, carpinteiro, tamanqueiro, cesteiro, oleiro, tecedeira, doceira, sardinheira, etc., com muita gente calcorreando a paisagem a pé, até outras aldeias ou até alguma feira mais próxima, para vender animais e outros produtos ou para “ajustar” os próximos trabalhos artesanais.
O imenso trabalho que implicou digitalizar e catalogar estas quase duzentas fotografias, indo a casa das famílias (mais de cinquenta pessoas cederam fotografias) perguntando pelo nome das pessoas retratadas ou pelos contextos em que foram tiradas, contrastando dúvidas com vários habitantes, produziu um verdadeiro painel cultural e de memória, o qual sugere muitas perguntas. Quem foram aquelas longínquas pessoas retratadas nas fotos mais antigas? Por onde andaram? Para que países emigraram? Brasil? França? Suíça? Ou ficaram sempre na aldeia? Quais eram as famílias mais influentes na aldeia de Rebordinho? Quem eram os seus caseiros? Que profissões tinham as pessoas? Quais eram os personagens da aldeia de que muita gente ainda se lembra? Quem casou com quem? Quem é filho, sobrinho ou neto de quem? Que percurso de vida tiveram os meninos fotografados no exterior da escola primária?
Esta exposição, que resulta de um trabalho de Liliana Silva, em colaboração com os habitantes atuais da aldeia de Rebordinho, constitui uma reflexão profunda sobre a passagem do tempo. Muitas das pessoas retratadas faleceram e, este facto inexorável da própria vida, faz-nos pensar que talvez as fotos que foram feitas àquelas pessoas, num determinado dia e lugar de há muitos anos, constituem a única evidência física que delas ficou.
A exposição “Rebordinho: Uma aldeia retratada” permite, enfim, uma infinidade de leituras e de ensinamentos para as gerações mais recentes, já que as famílias de hoje são resultado de tantos encontros e eventos mais ou menos fortuitos dos seus antecessores e, como tal, muitos dos que estiverem perante este magnífico painel de tempo, poderão entender que estas fotos contam histórias reais, pequenos retalhos de momentos da vida quotidiana passada nesta linda aldeia que é Rebordinho.
Cabe um agradecimento final a todas as pessoas que cederam as fotografias para a exposição: Abílio Silva, Adriano Rodrigues, Alzira Tavares, Amélia Marcos, Ana Pereira, Anabela Lopes, Antero Tavares, António Batista, António Carvalho, António Souto, António Tavares, Aventino Pereira, Celeste Fernandes, Cristina Rodrigues, Dolores Rodrigues, Ermelinda Lopes, Francelina Lopes, Graça Lopes, Helena Souto, Isabel Correia, Isabel Ribeiro, João Paulo Batista, José Luís Tavares, José Pereira, José Ribeiro, Laura Tavares, Lúcia Tavares, Lurdes Pereira, Maria Assunção Pereira, Maria das Dores Silva, Maria de Lurdes Tavares, Natália Fontes, Paula Dias, Piedade Silva, Regina Soares, Roberto Santos, Sara Ferreira, Sylvie Fernandes e Teresa Tavares.
Ficha técnica e artística:
Uma co-produção entre a Binaural Nodar e o Conselho Diretivo da Comunidade Local dos Baldios de Rebordinho e Malhadouro, com apoio do Município de Vouzela.
Trabalho de campo, concepção e edição de Liliana Silva.
A Binaural Nodar é uma entidade cultural apoiada financeiramente pelo Governo Português – Cultura | Direção-Geral das Artes.