MOROLOJA
Uma instalação vídeo de Manuela Barile
Performas – Estúdio de Artes Performativas, Aveiro (PT)
De 9 a 19 de Setembro 2009

A artista multidisciplinar Manuela Barile, membro do colectivo de artes media Binaural, apresenta no lounge do Estúdio Performas uma instalação intitulada “Moroloja” , concebida e realizada no Centro de Residências Artísticas de Nodar (S. Pedro do Sul) em Novembro de 2008 e que consiste numa pesquisa visual e sonora da experiência simbólica e ritual do luto.

Informações adicionais:

Performas – Estúdio de Artes Performativas
Teatro Avenida – Largo do Mercado, 1
3800-223 Aveiro

Tel. 234 192 331

MOROLOJA

“Moroloja” é uma instalação vídeo de 11minutos, inspirada no hino a Demetra de Homero. Mostra uma mulher jovem vestida de preto. Ela está sozinha, sentada numa cadeira dentro de uma casa abandonada (em Nodar).

Ela é Demetra, a deusa do grão e da fertilidade. Ela está a sofrer sozinha, porque perdeu a sua filha. Ela está a viver a experiência do luto. Na sua dor, ela é humana e vulnerável. Depois da imobilidade, começa um ritual de choro e cântico, aquele que evoca os lamentos de luto do Salento, no sul da Puglia, a região Italiana onde a artista nasceu.

Os “Moroloja” são cânticos das “prefiche”, mulheres pagas para se lamentarem durante a vigília do luto da morte de alguém no Salento. Estas mulheres costumavam cantar músicas aflitivas com mímica violenta e frenética, misturada com choros e gritos. Levavam um lenço branco nas mãos que era sacudido e agitado, criando uma espécie de dança rítmica. Nestes cânticos antigos não existiam quaisquer referências ao conceito Cristão da morte e da ressurreição. Depois da morte, existe apenas a dissolução, a noite escura. Nos cânticos, as referências à morte personificada (Thanatos) e ao prenúncio da Fada que determina o destino eram frequentes.

Moroloja é uma reflexão sobre a experiência da dor. Aqueles afectados pela dor embarcam muitas vezes num processo de estranhamento, afastando-se do mundo porque não podem comunicar a intensidade do seu sofrimento. A dor é pois uma experiência íntima, o sofrimento prende-nos, expõe a nossa existência na sua fragilidade. A solidão e o sofrimento contaminam-se mutuamente. No entanto, a dor individual nunca pode ser separada da dor colectiva, da dor do mundo. Nesse sentido podemos falar de uma cosmologia da dor, de um sentido de sofrimento universal.