A Binaural e o Centro de Residências Artísticas de Nodar anunciam:

PAIVASCAPES #1

ESTRUTURA, PROCESSO E PERCEPÇÃO DE UM RIO

Programa de Residências Artísticas de Nodar para 2010

Áreas artísticas: Fonografia (“field recordings”), instalação sonora, performance vocal, poesia sonora, improvisação / composição acústica, electroacústica ou electrónica.

O Programa de Residências Artísticas de Nodar para 2010 terá um tema agregador único: o rio Paiva. Ao longo do ano, do Inverno ao Outono serão desenvolvidos diversos projectos artísticos multidisciplinares (que tenham como elemento central o som) numa perspectiva contextual relacionada com as várias zonas geográficas do rio, da nascente até à foz.

1. O rio Paiva e as paisagens fluviais

O Rio Paiva é um rio português com cerca de 112 Km de extensão que nasce junto à localidade de Carapito em Moimenta da Beira (+40° 56′ 19.81″, -7° 37′ 38.44″) e desagua no Douro, junto a Castelo de Paiva (+41° 3′ 56.16″, -8° 15′ 41.34″). O Paiva foi considerado ainda não há muitos anos o rio menos poluído da Europa e está classificado como Sítio de Importância Comunitária na Rede Natura 2000. A aldeia de Nodar (+40° 55′ 6.51″, -8° 3′ 34.21″) situa-se sensivelmente a meio do seu percurso, num vale formado pela serra do Montemuro e pelo maciço da Gralheira.

O Paiva é um rio de montanha de leito rochoso (granito ou xisto) e recurvado que, ora mostra o seu lado rebelde de águas bravas (associadas às grandes variações sazonais de caudal do rio e à estreiteza e o acentuado desnível do seu leito em várias zonas), ora desliza mansamente através de magníficas zonas de campos agrícolas em socalco, passando por pequenas aldeias rurais ribeirinhas (como Nodar) que vivem em estreita sintonia com o rio. O rio Paiva está rodeado em significativa parte do seu percurso por um frondoso e luxuriante coberto vegetal, que inclui ecossistemas diversificados e de grande importância.

(o rio Paiva junto a Vila Nova de Paiva: foto SOS rio Paiva)

Muitos aspectos e percepções podem ser associados às paisagens fluviais, os quais em conjunto evidenciam a força e a importância multiforme dos rios. Desde logo, a paisagem fluvial fornece um potencial energético (a energia da água e dos sedimentos que descem o curso do rio) e também uma superfície, um espaço sobre o qual a vegetação e as construções assentam. Um rio vivo é pois aquele que mantém estes dois elementos, que formam o seu capital natural, presentes e activos, sendo que a perda de produtividade de um rio (pela poluição, por erros no planeamento agrícola, urbanístico, energético, etc.) pode levar séculos a ser reposta. Por outro lado, cada rio tem a sua personalidade, conferida pela inscrição de uma marca histórica, associada aos múltiplos usos e percepções ao longo dos tempos, camadas sobrepostas de valores práticos, culturais, simbólicos e espirituais que constituem o capital humano de um rio.

2. Paivascapes #1

A partir das premissas anteriores, os organizadores do Centro de Residências Artísticas de Nodar decidiram dedicar toda a actividade de 2010 a uma reflexão artística colectiva sobre o rio Paiva, uma homenagem a um pequeno rio que é um símbolo de uma região que (ainda) sabe viver em interacção equilibrada com a natureza. A partir da relação que existe entre a aldeia de Nodar e o rio Paiva, a qual motivou já a realização de alguns trabalhos artísticos, foi decidido agora estender a interacção a todo o curso do rio, dando um sentido de coerência e pluralidade à reflexão, captando linhas de continuidade e de ruptura, padrões, densidades e zonas de transição, sejam as relativas ao enquadramento geográfico como ao enquadramento humano.

Paivascapes #1 será composto por uma série de residências artísticas, definida como uma matriz de contextos espácio-temporais (da nascente até à foz / do Inverno ao Outono) em que se irão inserir os diversos projectos artísticos a seleccionar. Estes projectos deverão propor um abordagem conceptual e de intervenção específica, com um foco principal numa ou em várias das áreas artísticas mencionadas atrás (essencialmente ligadas a aspectos sonoros e/ou musicais), as quais poderão ser complementadas com outros media: escultura, vídeo, fotografia, performance, etc.

Cada projecto terá ainda como produto final uma composição sonora / musical de 10 minutos (com o objectivo de  edição de um CD duplo final), isto para além de outros elementos que dele possam fazer parte (composições adicionais, performances, instalações, etc.). Em paralelo, será realizado pela Binaural um documentário sobre o rio Paiva e sobre as intervenções artísticas e um mapa sonoro exaustivo do rio Paiva, a documentar num site apropriado.

Os trabalhos desenvolvidos serão apresentados ao público no início de 2011, no âmbito de um evento que incluirá concertos, exibição de vídeos, conferências e uma exposição retrospectiva de todo o projecto. Esta exposição terá um carácter itinerante, sendo concebida nomeadamente para apresentação em várias localidades próximas do rio Paiva e tendo subjacente um programa de actividades educativas.

Alguns temas possíveis de reflexão para os projectos artísticos a seleccionar: água (matéria e fluxo), topografia, geologia, clima, solo, flora, fauna, arquitectura (pontes, moinhos de água, muros, currais, sistemas de rega, promontórios, capelas, etc.), história e memória local (pessoal ou colectiva, real ou mítica), usos e actividades (pesca, agricultura, pastorícia, comércio, festividades, religião), ideologia e normas, percepções (relação subjectiva com o local, cores, padrões, cheiros, texturas, memórias e associações íntimas, deriva psico-geográfica etc.).

(o rio Paiva próximo da foz em Castelo: foto SOS rio Paiva)

3. Desenvolvimento espácio-temporal do projecto:

A. Trabalhos de campo

Seis módulos de residências artísticas de duas semanas, cada uma com dois artistas nos seguintes períodos:

•    Inverno (Fevereiro 2010): Da nascente até 28 km

•    Primavera (Abril 2010): de 28 Km até 56 km

•    Verão (Julho 2010): de 56 Km até 84 Km

•    Outono (Outubro 2010): de 84 Km até 112 Km (foz)

B. Apresentações / Edições

•    Fevereiro 2011: Apresentações públicas finais no âmbito de um evento que incluirá um ciclo de conferências, mostra de vídeos, concertos e inauguração de exposição) em local a definir;

•    Fevereiro 2011: Edição de catálogo + CD duplo + DVD;

•    A Partir de Março 2011: Exposição itinerante e actividades educativas em localidades próximas do curso do rio (mas não só).

(o rio Paiva em Janarde: foto SOS rio Paiva)

(O Rio Paiva em Nodar: foto Binaural)

Residencia de Artistas

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