Da Trapa Sound Sculpture

Juntos, criámos um conjunto de três esculturas com material reciclado, conduzidas por oficinas musicais. A apresentação final do trabalho incluiu concertos com os instrumentos musicais em causa e a envolvência dos habitantes locais. Após o sucesso deste projecto, decidimos desenvolver e explorar estas ideias. A oportunidade para prosseguir este objectivo, veio com a possibilidade de uma residência artística conjunta em Portugal. Inicialmente o plano era fazer uma escultura de tambor de udu (“Udu-pture” / “Udu-tura”), que pudesse ser colocada no espaço público para que os locais pudessem tocar quando quisessem. Foram planeadas oficinas de cerâmica e música, gravações sonoras, e a queima da peça final perante o público, durante a apresentação final, a complementar a música e a dança. Com a chegada a Santa Cruz Da Trapa, os planos iniciais tiveram de ser adaptados. As condições ambientais durante a primeira semana de residência (chuva intensiva), bem como ligeiros atrasos ao adquirir os materiais necessários (barro), forçou-nos a reconsiderar o projecto. Foi decidido construir uma escultura com uma interação em mente, entre a peça e o público. Durante as últimas duas semanas da residência, a nossa visão tomou forma. O elemento principal revelou ser uma escultura sonora feita de mármore originário do sul de Portugal. Explorando as qualidades acústicas do material, conseguimos criar um instrumento musical possível de ser tocado com ramos de bambu encontrados na área local. Foram organizadas várias “jam sessions”, com músicos dos bairros locais. Durante estas sessões, descobrimos que a escultura sonora podia ser tocada por múltiplos músicos ao mesmo tempo ou apenas um de cada vez. Ao mesmo tempo, começámos a trabalhar com bambu (o que existe em abundância em Santa Cruz Da Trapa), a explorar diferentes resultados musicais possíveis. As oficinas foram organizadas numa escola primária. Ao longo de três sessões, tivemos a oportunidade de trabalhar com jovens participantes em ordem de criar vários udu-drums. Para isso, usámos o barro verde de Molelos – um centro de cerâmica local. Ensinamos as crianças a tocar os udu-drums, flautas de bambu, pequenos xilofones portáteis.

Por fim, foi criada uma orquestra com diferentes seções instrumentais, solistas e um maestro. Para a apresentação final do trabalho comum, estendeu-se o convite às crianças, aos pais e professores. Os instrumentos no exterior da galeria artística de um centro cultural local, foram recolhidos. Os participantes das oficinas (professores, pais, membros da comunidade local, etc), demonstraram grande entusiasmo ao participarem na apresentação. Foi apresentada uma peça de improvisação composta perante uma orquestra de udu drums, xilofones, ramos de bambu e flautas, partes metálicas e a escultura sonora. Após a apresentação, ainda foi possível ter uma pequena sessão musical, sendo que alguns dos participantes levaram os “seus” instrumentos para casa. O instrumento musical principal, feito de pedra e metal, tornou-se parte da exibição corrente na galeria local.

Nascido em 1974, Maciej Kierzkowski músico e etnomusicologista trabalha como compositor, produtor e multi-instrumentalista lidando maioritariamente com música experimental e folclórica. Kierzkowski cria trilhas sonoras para peças de teatro, filmes, bem como gere oficinas musicais para crianças. Em simultâneo explora as gravações sonoras de campo, como também gere a organização artística Akademia Profil.

Nascido em 1978, Jaroslaw Urbański possui formação académica em Belas Artes-Sculpture. Correntemente trabalha em Chojnice (Polónia), e lida com grandes formas esculturais usando diferentes técnicas e materiais como cerâmica, resina, metais não ferrosos, materiais reciclados, madeira e pedra- Adicionalmente gere e ensina oficinas para crianças e adultos.