Cinco intrumentos e Uma pistola 

Como era a minha primeira visita a Nodar em 2007, fomos todos a um baile na aldeia vizinha de Sequeiros que tinha uma banda a tocar música tradicional.Encontramos lá um personagem notável que por vezes subia ao palco para se juntar à banda, sempre com um instrumento diferente.

Na manhã seguinte, o Rui Costa da Binaural/Nodar contou-me que no fim da noite conversou com esse homem e, perguntando-lhe sobre a sua constante presença no palco, obteve a seguinte resposta: “sempre que vou a um baile levo os meus 5 instrumentos e uma espingarda”. Felizmente, a arma não foi necessária durante a noite! Mas de qualquer forma ao ouvir estas palavras comecei a ter algumas ideias, e passado algum tempo falei ao Rui da minha proposta para a residência de compor uma peça com 5 músicos distribuídos pelo vale de Nodar, sendo conduzidos por tiros distantes e de forma espontânea ele respondeu: “A espingarda não é um problema”.

Então pensei -aqui vamos nós!- Como tinha sido convidado para realizar o projecto no Outono de 2008.Pegando nas ideias da noite do baile,transferindo-as para o grande palco: o vale de Nodar seria não apenas o palco mas também a banda, a paisagem sonora seria a música à qual nos iríamos juntar. Os instrumentos seriam ouvidos a partir de uma grande distância, contrapostos ao som do vento, do rio, mas também dos carros que passavam pelo vale ou do sobrevoar de aviões-o quer que fosse, o objectivo seria tentar inserirmo-nos como convidados no espaço de tempo da performance.

Manuela Barile: voz, megafone, pedras

Antonio Mainenti: voz, megafone, pedras

Manuel Paiva: violino, rádio, megafone, pedras

Rui Costa: lloopp, Fiat Panda, pedras

Noid: violoncelo, megafone, electrónica, composição com pedras

Zé do Raso: a espingarda

Arnold Haber (Noid) é um compositor e improvisador austríaco que utiliza quer instrumentos acústicos (violoncelo) quer electrónica. Noid tem colaborado com outros artistas sonoros como Klaus Filip, Mattin, o.blaat,erikM, etc. e com coreógrafos ou performers (João Fiadeiro, Katharina Bauer, Mariella Greil,Tetsuo Furudate e Akemi Takeya).

Com a sua música ele tenta compreender a realidade sonora em que vive. Esta realidade inclui imaginações, desejos, sonhos e alucinações acústicas assim como o ruído da ventoinha do seu laptop ou o “wolf-tone” do seu violoncelo.

OBRAS ARTÍSTICAS