“La Scatola”

Un projecto intermedia de Manuela Barile e Rui Costa

1. Introdução

“La Scatola” é um projecto transdisciplinar da autoria de Rui Costa e Manuela Barile, o qual explora a noção de confinamento em múltiplas abordagens e trabalha sobre a zona de fronteira entre o “eu” e o mundo exterior. Este projecto integra-se numa linguagem assumidamente “intermedia” e parte de uma ideia, de um dispositivo narrativo, que designamos por ‘”La Scatola” (“a caixa”, em Português), o qual representa um espaço difuso entre o “dentro” e o “fora”, entre o “eu” e o “outro’” no qual estão presentes múltiplas linhas de força de sentido contrário: manifestações sensoriais do corpo encarcerado / corpo protegido, visões distorcidas do mundo exterior, ansiedade, desejos, memórias.

Estas linhas de força são encaradas em termos puramente espaciais (“zona interdita”, “abismo”, “barreira”) mas também em termos de “fluxos energéticos” bidireccionais criados pela projecção sensorial e emocional no mundo exterior da individualidade encarcerada (dor, desejo, resistência, impotência, etc.) e da representação (idealizada, distorcida, difusa) desse mundo na mente e corpo do indivíduo encalusurado.

São convocadas em “La Scatola”, nomeadamente para o trabalho de mise-en-scène das performances, uma série de imagens e associações conexas a narrativas de confinamento (de infância, velhice, casa, viagem, memória, etc.), algumas delas com possíveis reminiscências pessoais, alargando assim a ontologia possível para o dispositivo.

2. Metodologia de trabalho

Os diversos dispositivos a utilizar no projecto são organizados de forma a criarem situações de aparência enigmática, entre o familiar e o estranho, o vizinho e o distante. As imagens ou os objectos usados, na sua simplicidade e depuração, transformam-se num espelho capaz de fazer confrontar o espectador com as suas próprias memórias e a sua experiência individual. Este processo de depuração tem o objectivo não de limpar mas de abrir possibilidades metafóricas que não são meras ilustrações. Abre-se para absorver o maior número de leituras possível, o maior número de associações.

Em “La Scatola” os processos de interactividade e de transcodificação inerente à transmissão de informação entre os diferentes media utilizados (numa acepção alargada, incluindo media tecnológicos e expressividade performativa), são deliberadamente levados a cabo de forma controlada, procurando não abafar a emotividade e a simplicidade desejadas, potenciando assim a capacidade de “revelação” dos elementos em jogo nas instalações / performances.

Por outro lado, nas várias performances, não obstante um trabalho exaustivo de encenação das diversas “situações” a criar, os artistas convocam elementos de espontaneidade, reduzindo a “mente artística intencional” ao justo necessário, a um fio condutor não excessivamente carregado de referências e de codificações estéticas, através da utilização de técnicas de improvisação para se chegar a uma “performatividade natural”.

“La Scatola” envolve diferentes fases de pesquisa e desenvolvimento, aliando dispositivos tecnológicos e expressão artística de carácter performativo. Não se pretendeu criar / incorporar separadamente objectos, imagem, som e movimento, mas sim pensar as suas relações recíprocas possíveis de forma contínua e indissociável.

3. Formatos de Apresentação

O projecto “La Scatola” é apresentado na forma de instalação-performance, em espaços expositivos ou galerias, ou no caso das residências artísticas planeadas, em contexto site-specific (casa abandonada / exterior / zonas intermédias entre o interior e exterior, etc.). Foi também concebida uma versão do projecto destinada ao formato de “concerto”, na qual alguns elementos em jogo serão utilizados de forma simplificada, não comprometendo no entanto o carácter “intermedia” dessas apresentações.

As diversas metamorfoses possíveis foram recombinadas / repensadas em função das colaborações e dos espaços concretos a utilizar. O número de metamorfoses presentes em cada instalação, dependerá, entre outras variáveis, da dimensão dos espaços expositivos específicos.

4. Elementos para a implementação de “La Scatola

a. Elemento narrativo

(Narrativas de clausura: infância, velhice, casa, memória, etc.)

b. Elemento performativo

(Deslocamento do corpo no espaço. Coreografia)

c. Elemento “sensorial”

(Manifestações físicas, expressivas ou fisiológicas de partes do corpo. Voz, coração, sistema nervoso, etc.)

d. Elemento espacial

Ambientes abertos ou fechados, cheios ou vazios. Espaços de acção ‘site-specific’ ou convencionais (galeria, sala de concertos, etc.). Arquitectura. Paisagem

e. Elemento sonoro

Espaço acústico (som, silêncio, reverberação).

Definição do espaço através do som.

Som do corpo, som “metabólico” captado por sensores.

f. Elemento físico

(materiais, objectos, construções presentes nas instalações / performances)

Recipientes, suportes / colunas, água, elementos orgânicos (ex. ramos de árvore, ninhos, pedras), fotografias, objectos pessoais, etc.

g. Elemento de luz

(Natural ou artificial. Escuridão total, iluminação parcial, pontual ou total).

5. Diagramas Técnicos

Durante o processo de pesquisa para “La Scatola”, foram estudados vários formatos possíveis de instalação, alguns dos quais foram efectivamente implementados. O documento seguinte apresenta alguns exemplos de diagramas técnicos para as referidas instalações (clicar no ícone pdf para abrir):

6. Apresentações Públicas

Eis a lista completa de instalações e performances realizadas no âmbito de “La Scatola”:

4 Outubro 2007

Festival EME 2007

Igreja de Santiago, Castelo, Palmela (Portugal)

“La Scatola” a solo: versão concerto com Rui Costa (laptop)

12 Outubro 2007

Festival Marco Sonoro 2007

Museo de Arte Contemporáneo de Vigo (Espanha)

Versão concerto de “La Scatola”: Manuela Barile (voz e objectos sonoros) e Rui Costa (laptop)

25 Outubro 2007

Museu de Olaria de Barcelos (Portugal)

Versão concerto de “La Scatola”: Manuela Barile (voz e objectos sonoros) e Rui Costa (laptop)

3 Novembro 2007

Centro de Residências Artísticas de Nodar

Nodar, S. Pedro do Sul (Portugal)

“La Scatola Nodar”: Instalação Site-Specific e Performance com Manuela Barile e Rui Costa

8 Novembro 2007

Galeria Zé dos Bois, Lisboa (Portugal)

Versão concerto de “La Scatola”  + vídeo em tempo real com Manuela Barile (voz e objectos sonoros) e Rui Costa (laptop)

24 Novembro 2007

Burn Out – Post Crash – 9º Simpósio de Artes Sonoras e Mix Media

Entrepôt Lainé – CAPC Musée d’Art Contemporain de Bordeaux (França) – “La Scatola” a solo: versão concerto com Manuela Barile (voz e objectos sonoros)

28 Janeiro 2008

Festival Hurta Cordel 2008 – Festival Internacional de Improvisación Musical

La Casa Encendida, Madrid (Espanha)

“La Scatola” a solo: versão concerto com Manuela Barile (voz, objectos sonoros e vídeo em tempo real)

5 Fevereiro 2008

Galeria Almazen, Barcelona (Espanha)

“La Scatola d’acqua”: Performance-Instalação + vídeo em tempo real com Manuela Barile (voz + performance) e Rui Costa (laptop, sensores)

6 Fevereiro 2008

Galeria Almazen, Barcelona (Espanha)

Versão concerto de “La Scatola”: Manuela Barile (voz e objectos sonoros) e Rui Costa (laptop, sensores)

29 Fevereiro 2008

Villa Franchin, Mestre-Veneza (Itália)

Versão concerto de “La Scatola”  + vídeo em tempo real com Manuela Barile (voz e objectos sonoros) e Rui Costa (laptop)

4 e 5 Abril 2008

Centro de Arte Contemporáneo de Huarte-Pamplona (Espanha)

Versão concerto de “La Scatola”  + vídeo em tempo real com Manuela Barile (voz e objectos sonoros) e Rui Costa (laptop)

5 Junho 2008

Teatro Municipal da Guarda (Portugal)

“La Scatola d’acqua”: Performance-Instalação + vídeo em tempo real com Manuela Barile (voz + performance) e Rui Costa (laptop, sensores)

5 Junho 2008

Teatro Municipal da Guarda (Portugal)

Versão concerto de “La Scatola” com Manuela Barile (voz e objectos sonoros), Rui Costa (laptop) e Maile Colbert (processamento de vídeo em tempo real)

7. Ficheiros áudio de duas apresentações de “La Scatola”:

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8. Selecção de Fotos

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9. Ficha Técnica e Agradecimentos

Direcção Artística: Manuela Barile e Rui Costa

Colaboração Vídeo: Maile Colbert (EUA)

Apoio Dramatúrgico: Bojana Bauer (Sérvia)

Coordenação de Produção: Luís Costa

Residências Artísticas: Centro de Residências Artísticas de Nodar (Portugal) | MoKS (Estónia)

Financiamento: Ministério da Cultura | Direcção Geral das Artes

Apoios | Agradecimentos: Associação Cultural de Nodar | Câmara Municipal de S. Pedro do Sul | Zoom – Associação Cultural | Amigos do Museu de Olaria de Barcelos | Galeria Zé dos Bois | MoKS (Estónia) | Vel-Net (Itália) | Villa Franchin (Itália) | Madcap Collective (Itália) | Città di Venezia (Itália) | MARCO – Museo de Arte Contemporáneo de Vigo (Espanha) | Colectivo Sinsal (Espanha) | MUSAC – Museo de Arte Contemporáneo de León (Espanha) | Junta de Castilla y León – Consejeria de Cultura y Turismo (Espanha) | Almazen. Serial Artist (Espanha) | La Casa Encendida de Obra Social Caja Madrid (Espanha) | Asociación Musicalibre (Espanha) | Centro Huarte – Centro de Arte Contemporáneo de Navarra (Espanha) | Presence Capitale (França) | Erratum (França)