Montanhas, Céus, Construções

Uma composição/improvisação sonora de cerca de 25 minutos para uma igreja, para órgão elétrico, órgão de igreja, objetos amplificados e sons da missa em igreja (o sopro da oração, as conversas, os passos de pessoas que entram na igreja, os cânticos). A artista propõe desenvolver uma peça (composição / improvisação) para o seu velho órgão elétrico Korg em combinação com órgão de igreja, objetos amplificados e os próprios sons da igreja. A peça é baseada em experiências prévias com o seu órgão a solo e objetos, transformando a ideia de uma paisagem com colinas e sons distantes que se aproximam e afastam. A ideia desta peça sonora para o Maciço da Gralheira é a de integrar sons profanos internos à igreja e outros externos da paisagem (como sons de alfaias agrícolas mecânicas, ou fragmentos de melodias escutadas ao longe) numa composição contemplativa, onde aqueles sons deixam de ser perturbadores. Os sons mecânicos da paisagem serão recriados por objetos amplificados dentro da igreja, passando a ser mais abstractos. É importante, que todos os sons da peça sejam provenientes do interior da igreja. Desta forma, a separação entre os sons do exterior e do interior é anulada e os sons mecânicos deixam de estar ligados a certas imagens mentais de máquinas. O arranjo da peça deverá pois fazer abrir os ouvidos para uma certa beleza dos sons mecânicos. A peça pode ser encarada como um espaço espiritual. Ela convida a aceitar o mundo exterior de técnicas e máquinas, a fusão de duas zonas sonoras. Os sons serão integrados num conceito musical e numa estética homogénea e silenciosa para que a percepção e contemplação do ouvinte dentro da igreja seja possível.

Antje Vowinckel (n. 1964) é uma compositora e intérprete baseada em Berlim. Ela estudou literatura e música (flauta/piano), tendo tocado numa orquestra clássica, num ensemble de câmara e em bandas de jazz. Ela escreveu a sua tese sobre peças radiofónicas e arte rádio e já concebeu peças para uma variedade de estações de rádio públicas alemãs. O seu foco é a musicalidade da palavra falada. Por exemplo, no seu projeto “Terra prosodia”, produzido pelo “WDR Studio Acoustic Art” utilizou melodias em dialetos europeus. Uma série de obras suas empregam fragmentos de discurso, de documentário ou de improvisação linguística (língua automática) que depois são transpostas para uma estrutura musical. Ela usa sons instrumentais, electrónicos, bem como sons quotidianos que são intercalados entre música e narração.